Ceratocone
Ceratocone
Ceratocone é uma doença progressiva e assimétrica da córnea, a qual torna-se cada vez mais fina e pontuda. Desta forma os portadores de ceratocone percebem redução da visão ao longo do tempo
Causas do Ceratocone
Nenhuma teoria explica completamente os achados clínicos e as associações oculares e não-oculares relacionadas ao ceratocone. Os especialistas em ceratocone sabem que se trata de uma distrofia hereditária na maior parte dos casos. Além disso, pacientes alérgicos e com o hábito de coçar os olhos tem mais chance de desenvolver ceratocone. A coceira e a atopia estão presentes em cerca de 20% dos pacientes com ceratocone.
Muitas pessoas não percebem que tem ceratocone. No início, ocorre redução da acuidade visual por miopia e astigmatismo. Com a progressão da doença, surge necessidade de trocas frequentes dos óculos. Frequentemente, os pacientes relatam visão borrada com sombra ao lado das imagens.
O ceratocone aparece entre os 10 e 20 anos de vida. Acomete homens e mulheres em igual proporção e, em 90% dos casos, afeta ambos os olhos. Por volta dos 35 anos ocorre, naturalmente, a estabilização da evolução do ceratocone para a maior parte dos pacientes.
Sintomas do Ceratocone:
⦁ embaçamento visual;
⦁ visão com halos de luz;
⦁ visão distorcida;
⦁ aumento progressivo e rápido do grau dos óculos;
⦁ coceira ocular;
⦁ alta sensibilidade à luz.
Diagnóstico do Ceratocone:
O diagnóstico do ceratocone na fase inicial é difícil. Para o diagnóstico utilizamos exames oftalmológicos complementares, como a topografia, paquimetria, tomografia de córnea e mapa epitelial da córnea. Em estágios mais avançados, a topografia da córnea e a tomografia de seguimento anterior ajudam a monitorar a evolução do ceratocone. O acompanhamento oftalmológico deve ser rigoroso e realizado por oftalmologista especialista em ceratocone. Os tratamentos do ceratocone existentes são específicos e cada um tem o momento correto de indicação.
Tratamentos do Ceratocone:
O tratamento do ceratocone ganhou grande destaque nos últimos anos. Novas lentes de contato com materiais e curvaturas mais sofisticados permitem maior qualidade de visão.
O desenvolvimento de novos modelos de anéis intra-estromais vem ampliando as indicações de seu uso. Com isso, grande número de pacientes com ceratocone têm se beneficiado com tratamentos atuais.
Destacam-se como tratamentos do ceratocone:
–Estabilidade: crosslinking da córnea
–Visão: óculos, lentes de contato ( gelatinosas, rígidas corneanas e rígidas esclerais), implante de anel estromal e transplante de córnea (lamelares e penetrantes)
O importante, no tratamento do ceratocone, é a busca da estabilidade e da melhor visão do paciente.
Na fase inicial do ceratocone a troca de óculos ocorre com maior frequência. Quando eles não conseguem melhorar a visão optamos por lentes de contato. As lentes de contato rígidas fornecerem melhor potencial de visão aos pacientes com ceratocone.
Foram desenvolvidas lentes de contato rígidas multicurvas especiais para córneas com ceratocone e lentes esclerais com materiais mais permeáveis ao oxigênio, que proporcionam excelente qualidade de visão como tratamento ao ceratocone.
Quando o uso da lente de contato já não é mais satisfatório, pode-se avaliar a possibilidade de implante de anel intra-estromal. O objetivo do anel é regularizar e aplanar novamente a área central da córnea. Isso permite ao paciente com ceratocone ter uma boa qualidade de visão com o uso do óculos.
A grande conquista no tratamento do ceratocone foi a possibilidade de interromper sua progressão através de um procedimento chamado: crosslinking da córnea. O transplante de córnea é a última opção de tratamento do ceratocone. Esta modalidade de tratamento é indicada quando as lentes de contato não fornecem visão útil, ou há intolerância ao seu uso e não é possível implantar anel intra-estromal.
Crosslinking
O crosslinking da córnea tem importante papel no tratamento do ceratocone, pois previne sua progressão. Em um percentual menor de casos há também uma pequena diminuição da curvatura da córnea. O crosslinking consiste em fazer uma raspagem da superfície da córnea, removendo parte do epitélio corneano central, seguido de aplicação de riboflavina em gotas. Posteriormente, irradia-se a córnea com luz ultravioleta, com exposição e tempo controlados.
O resultado da realização do crosslinking na córnea é a criação de mais ligações covalentes no estroma o que aumenta a resistência mecânica da córnea.
Com isso, há menor chance de progressão do ceratocone pois a córnea torna-se mais resistente. O vídeo a seguir demonstra como uma córnea com ceratocone se comporta à deformação comparada com uma córnea normal ou após o crosslinking.
É importante ressaltar que o tratamento do ceratocone com o crosslinking está indicado apenas se houver progressão do ceratocone em 6 meses. Dados como a ceratometria e a refração do paciente são comparados neste período para avaliar a necessidade do crosslinking.
Os melhores candidatos para realização do crosslinking são os pacientes que apresentam estágios leves a moderados do ceratocone, pois torna-se possível manter a qualidade de visão corrigida sem outros procedimentos mais invasivos.
Lentes esclerais
As lentes esclerais são lentes de contato maiores que se apoiam principalmente na esclera. Isto as diferenciam das lentes de contato usuais que tem seu principal apoio na periferia da córnea.
As lentes esclerais foram desenvolvidas para pessoas portadoras de córneas irregulares, degeneração marginal pelúcida, ceratoplastias penetrantes, pós LASIK e RK e, principalmente, ceratocone. Devem ser usadas como uma alternativa para aqueles que tem dificuldade em adaptar com lentes rígidas gás permeáveis (RGPs) corneanas para ceratocone.
O espaço entre a córnea e a lente escleral é preenchido por líquido, propiciando uma adaptação muito mais confortável, mesmo em pacientes que possuem muita sensibilidade.
Quando há uma boa adaptação do paciente à lente escleral, se afasta a necessidade do transplante de córnea. Esta modalidade de lente de apoio escleral ofereceu excelente alternativa aos pacientes que apresentavam indicação formal para transplante de córnea.
Implante de Anel Intra-estromal corneano
O implante de anel intra-estromal é uma modalidade de tratamento do ceratocone, com objetivo de melhorar a visão. O anel proporciona melhor regularidade da superfície da córnea com ceratocone.
Atualmente, o implante do anel intra-estromal pode ser realizado com a tecnologia do laser de femtosegundo, o que torna o procedimento mais preciso e seguro.
Transplante de Córnea
O transplante de córnea é uma cirurgia que consiste em substituir a porção da córnea (doente) de um paciente por uma córnea saudável com a finalidae de melhorar a visão.
É indicado em casos de ceratocone avançado onde o uso de óculos e lentes de contato não corrigem mais o astigmatismo irregular característico dessa doença.
O refinamento nas técnicas de transplante de córnea para o tratamento do ceratocone permitiu o desenvolvimento do transplante de córnea de espessura parcial ou lamelar. Nesta cirurgia ocorre separação parcial do estroma e assim o cirurgião pode retirar a parte da córnea afetada pelo ceratocone sem remover o endotélio da córnea (camada mais profunda da córnea).
As células endoteliais têm um papel extremamente importante em retirar excesso de água da córnea e manter sua transparência. No transplante de córnea tradicional, o endotélio da córnea doadora sofre maior dano, podendo comprometer o resultado. A técnica de transplante de córnea lamelar anterior profundo possibilita ao paciente manter o seu endotélio, sendo considerada a técnica de transplante de córnea ideal para o tratamento do ceratocone.
Todas as informações fornecidas neste website têm caráter meramente informativo, com o objetivo de complementar, e não substituir, as orientações do seu(sua) médico(a).
Dr. Renato Garcia
CRM-SP 109092 RQE 31238
Médico Oftalmologista